sexta-feira, 15 de outubro de 2010

SOMBRAS

A LUZ NÃO BRILHA MAIS NAQUELA CASA
ERA TOSCA DE TIJOLOS APARENTES
HAVIA RACHADURAS, MAS HAVIA BRILHO EM SUAS JANELAS
A ALEGRIA INCENDIAVA TUDO EM VOLTA
E FAZIA COM QUE A PINTURA ESMAECIDA SE MOSTRASSE DOURADA
MAS O RISO SE FOI, O CARINHO MORREU,
A CONFIANÇA QUE GUIA O AMOR TORNOU-SE DOR,
E A MÚSICA QUE OS PASSOS EVOCAVAM
TORNARAM -SE RUIDOS INSUPORTAVEIS
A LUZ NÃO BRILHA MAIS NAQUELA CASA TAO AFASTADA,
A ESCURIDÃO REINA ABSULUTA.
AS BORBOLETAS QUE LÁ SE ABRIGAVAM,
ATRAÍDAS PELA COR DA ENERGIA EMANADA ,
DERAM LUGAR A MORCEGOS RETIRANTES
A PROCURA DA ESCURIDÃO DE CAVERNAS.
ONDE ESTA A MAGIA DA ESPERANÇA?
FOI-SE COM O ÚLTIMO RISO DA CRIANÇA
QUE DEIXOU A CASA LEVANDO EM SEUS BRAÇOS
OS ULTIMOS BRINQUEDOS DA INFANCIA
ONDE ESTA O BRILHOS DAS ESTRELAS.
QUE SE REFLETIAM NAQUELA CASA?
ONDE ESTA O CANTIGO DO VENTO ENTOANDO O NOROESTE?
FOI-SE EMBORA QUANDO A MULHER SE DESPEDIU DE SONHOS
QUE SONHAVA POR OUTROS QUE NÃO SABIAM SONHAR
O ULT IMO BRILHO A ACOMPANHA NA DESPEDIDA,
DELINEANDO-A EM SOMBRA QUE AGORA É.

ROSA ALVES

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Triste retirante

Pés descalços, Roupa rota,
Triste rosto de ninguém.
Trás tristezas, Leva magoas,
Muitas dores Vai também.
Pés descalços Pisam o solo,
De uma terra seca e árida.
Nas mãos ardem os calos,
De uma vida desgraçada.
Caminha muitas e muitas léguas,
Pra chegar a lugar nenhum,
Corre matas Singra rios,
Eram dois, ficou só um.
Chora a vida que deixou,
Teme a vida que chegar,
Não liga para o que ficou,
E nem para o que virá.

Rosa Alves

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Tempo

O tempo que chama passado
É o ontem, e o hoje será;
A vida corre ao seu lado
E você não pode parar

Ah ..eu me divirto,
Com a importância que das
A apenas o que acha bonito
E não precisa arriscar

Ah... Você que pensa que sabe
De tudo e mais um pouco
Se soubesse ao menos metade
Do que eu sei e do que ouço;

Vem para a vida você
Se despe de seus preconceitos
Venha pra vida você
Jogue pra longe estes medos

Se lance em mar aberto
Se banhe na luz do luar
O que ontem não era tão certo
Hoje e amanha decerto será

Viva o agora com força e garra
Não queira deixar passar
Se cair, levanta e sara;
Pegue a vida pra domar

Tudo passa tão de pressa
E você nada viveu
A vida não é algo que se meça
Pelo pensamento teu

Ah..eu me divirto
Daqui de meu camarote
Te vejo com medo da vida
Não vendo dela a sorte

Ah..eu me divirto
Daqui do meu camarote
Te vejo só dando guarida
A sombras, tristezas e morte.

Rosa Alves

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Uma fera em mim

Uma fera ruge dentro de mim
Uma fera milenar...
Fera que já singrou os sete mares
E que vem de tempos imemoriais
Corre em meu sangue
Transpira em minha pele
Manifesta-se no meu olhar

Vive em mim uma fera indomável,
Que não aceita regras e ditames
Que ruge ao menor desagrado
Não aceita ser comandada
Vigiada, manipulada.
Só eu sei dela assim
Ele tem gana de poder
Poder ser, ter, querer.

Uma quimera vive comigo
O tempo todo ao meu lado
Invisível, indelével, imaterial,
Porém, forte e manifesta;
Quimera de cabeças múltiplas
Personalidades que se dividem
Entre o bem e o mal
Transforma-se a cada momento
Nos meus mais recônditos temores

A fera em mim grita alto,
Sacode as grades com fúria
Mas a prisão é forte
Foi cimentada com o tempo
Acorrentadas com a decisão
Decisão precisa e definida
De quem julga que é preciso
Aprisionar seus instintos
Reter desejos infundados
Decisão prática e patética
De quem seria mais feliz
Se tivesse coragem de libertar
Ao menos um de seus monstros
Deixa-lo respirar, correr...
E viver ao menos uma vez
A simples sensação de ser

Rosa Alves

terça-feira, 25 de maio de 2010

Sedução cigana

As tendas iluminadas
Por velas vermelhas
As brasas que se apagam
Em esquecida fogueira
A saia rodada
De cores alegres
em gira alada
Em ritmo entregue
rosto corado
cabelo ao vento
Os lábios rosados
E olhos sedentos
no corpo um desejo
De dar e de ter
Na ginga um gemido
De tanto querer
Faz parte da ginga
É só sedução
Acende a cigana
Explode tesão

Rosa Alves