sexta-feira, 28 de maio de 2010

Uma fera em mim

Uma fera ruge dentro de mim
Uma fera milenar...
Fera que já singrou os sete mares
E que vem de tempos imemoriais
Corre em meu sangue
Transpira em minha pele
Manifesta-se no meu olhar

Vive em mim uma fera indomável,
Que não aceita regras e ditames
Que ruge ao menor desagrado
Não aceita ser comandada
Vigiada, manipulada.
Só eu sei dela assim
Ele tem gana de poder
Poder ser, ter, querer.

Uma quimera vive comigo
O tempo todo ao meu lado
Invisível, indelével, imaterial,
Porém, forte e manifesta;
Quimera de cabeças múltiplas
Personalidades que se dividem
Entre o bem e o mal
Transforma-se a cada momento
Nos meus mais recônditos temores

A fera em mim grita alto,
Sacode as grades com fúria
Mas a prisão é forte
Foi cimentada com o tempo
Acorrentadas com a decisão
Decisão precisa e definida
De quem julga que é preciso
Aprisionar seus instintos
Reter desejos infundados
Decisão prática e patética
De quem seria mais feliz
Se tivesse coragem de libertar
Ao menos um de seus monstros
Deixa-lo respirar, correr...
E viver ao menos uma vez
A simples sensação de ser

Rosa Alves

Um comentário:

  1. A poesia de Rosa é fera, flor e animal. É xamã. É o grito ancestral, subvertendo normas da corrente social, é coragem, é subversiva por querer ser em essência mulher. Um chega a figuras marcadas. Essência que tem que se propagar a mulheres de fato que ainda temem se encontrar contrapondo as de plásticos. É mítica que enfrenta fogueiras morais, com as corredeiras de Gaya, ventos de Oya, rompendo jaulas sociais com palavra viva. É fera e eternamente bela!!!
    Amei. Continue assim amiga!
    Sérgio Cumino
    http://poesiasergiocumino.blogspot.com

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