segunda-feira, 7 de junho de 2010

Triste retirante

Pés descalços, Roupa rota,
Triste rosto de ninguém.
Trás tristezas, Leva magoas,
Muitas dores Vai também.
Pés descalços Pisam o solo,
De uma terra seca e árida.
Nas mãos ardem os calos,
De uma vida desgraçada.
Caminha muitas e muitas léguas,
Pra chegar a lugar nenhum,
Corre matas Singra rios,
Eram dois, ficou só um.
Chora a vida que deixou,
Teme a vida que chegar,
Não liga para o que ficou,
E nem para o que virá.

Rosa Alves

Um comentário:

  1. Uma vida sem perspectivas, num caminho sem chegada, tem o dom de nos fazer sentir o pó nas palavras, as rugas da pele seca, a dor que se arrasta... “Morte vida Severina”, esta viva, nessa Brasil, de poeiras... sua sensibilidade me encanta

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